Lizzie Halliday - A pior mulher da terra

 Resenha com conteúdo extremamente violento e não indicado para pessoas sensíveis. É recomendado para maiores de 18 anos.

 "Lizzie Halliday era uma psicopata fria e calculista que matava sem hesitação. E sem remorso."


"Lizzie Halliday", nasceu em 1860 como Elizabeth Margaret McNally, no condado de Antrim na Irlanda. 

Ainda criança, mudou-se para Nova York, nos Estados Unidos com seus pais e nove irmãos. 

 

Lizzie foi uma adolescente difícil de lidar, violenta e sempre propensa a se meter em confusões. Esse comportamento rebelde e controverso fez com que a própria família a desprezasse. 

 


Por esse motivo ela se tornou uma pessoa completamente imprevisível, atacando membros de sua família por qualquer motivo. Certa vez, Lizzie bateu em seu próprio pai, atacou a irmã e jamais demonstrou amor. Ao menos não de maneira "convencional". 

 

Lizzie eventualmente saiu de casa e não voltou por um longo tempo. Quando finalmente retornou a casa de seus pais, descobriu que seu pai havia falecido. E então, ela literalmente surtou! Em um lapso de revolta ela se debruçou sob o tumulo do pai e começou a cavar a terra com suas próprias mãos. 

 

É claro que tal reação desesperada não traria seu pai de volta, mas Lizzie não conseguiu controlar os impulsos legítimos que teve ao saber da morte do "amado" pai. Infelizmente, essa perda não a tornou um ser humano melhor. Lizzie deixava uma impressão ruim em cada lugar que passava, e sempre era lembrada por ser uma pessoa estranhamente complicada. 

 

Lizzie não era educada, mas era inteligente e ambiciosa. Porém, o seu problema de comportamento violento sempre acabou colocando-a em maus lençóis. Ela arremessou uma faca contra uma mulher que a provocou, cuspiu no rosto de uma garotinha, e frequentemente tinha reações irracionais quando algo não saía como ela planejava. 


Tempos depois, Lizzie se casou com um desertor do exército. Ele era bem mais velho do que ela e usava o pseudônimo "Charles", mas seu nome verdadeiro era Ketspool Brown. Eles tiveram um filho, que trouxe a Lizzie um quadro depressivo bem complexo. Ela não tinha mais vontade de viver e o relacionamento de Lizzie e Brown foi ficando cada vez mais insustentável. 

 

Após três anos de casamento, Ketspool Brown acabou falecendo de febre tifoide. Lizzie seguiu com sua vida e se casou mais três vezes com homens consideravelmente mais velhos do que ela.  

 

Nenhum dos casamentos de Lizzie foi feliz. Um dos motivos pode ter sido a tentativa de envenenamento por arsênico, que Lizzie planejou enquanto servia uma xicara de chá à um de seus maridos. Ele percebeu que o chá não estava "normal" e o plano de Lizzie acabou não sendo bem sucedido.  


Depois disso ela fugiu com o filho sem deixar rastros. 

 

Um outro marido de Lizzie morreu um ano após o casamento sem um motivo aparente. Quando os maridos de Lizzie não morriam por "causas misteriosas", ela simplesmente fazia questão de abandoná-los. Fugia com outros homens, saía de casa e nunca mais retornava. Ela seguiu assim, até encontrar o seu quinto marido.   

 

Um homem jovem e bonito, muito diferente de seus outros companheiros. Contudo, o encanto por esse novo homem durou pouco. Ele contou a Lizzie que havia espancado sua primeira esposa até a morte. Lizzie ficou aterrorizada e fugiu para a Filadélfia com seu filho. 

 

Com a nova vida em outra cidade, Lizzie se hospedou na casa da família McQuillan, e no inverno de 1888, ela decidiu abrir uma loja, fez um seguro do local e depois o incendiou. O plano não deu certo e o fogo se espalhou para casa vizinhas. Ficou constatado que o incêndio foi proposital e Lizzie foi presa. Posteriormente ela foi condenada há 2 anos por incêndio criminoso. 

 

Após a condenação, Lizzie foi encaminhada a Penitenciária Estadual do Leste da Pensilvânia e durante quase 2 anos ela foi considerada uma prisioneira exemplar. Cerca de dois meses antes de Lizzie ser solta, ela começou a agir de forma estranha, como se estivesse perturbada. E ao invés de ser posta em liberdade, fora transferida para um manicômio, onde foi atestado por psiquiatras, a sua insanidade mental. 

 

Lizzie ficou no manicômio por um tempo até ser considerada apta a voltar a conviver em sociedade, e quando isso aconteceu seu filho estava desaparecido. Lizzie o procurou, mas nunca conseguiu encontrá-lo.  

(Em algumas fontes de pesquisa fora citado que o filho de Lizzie estava internado, mas não encontrei evidências reais sobre o paradeiro do garoto). 

 

Tempos depois, Lizzie acabou retornando para a região de Nova York e conseguiu se estabelecer como governanta de Paul Halliday em uma pequena cidade chamada Newburgh. Paul era um fazendeiro de 70 anos, viúvo, que tinha 6 filhos. 

 

Em pouco tempo, Paul se interessou romanticamente por Lizzie e eles acabaram se casando. O casamento deles foi marcado pelo que o Paul descreveu como sendo os "feitiços de insanidade" esporádicos de Lizzie 


Em maio de 1891, a casa de Paul foi completamente incendiada. John, seu filho com deficiência acabou falecendo no local. Lizzie foi considerada suspeita de ter causado o incêndio, já que ela não gostava de John.  

 

Lizzie alegou que ele morreu tentando salvá-la das chamas, mas nos escombros do incêndio foi identificado que a porta do quarto de John estava trancada, e Lizzie estava com as chaves em seu bolso. Mesmo após as autoridades praticamente constatarem que Lizzie era a culpada pelo incêndio que matou John, Paul continuou ao lado de Lizzie e ela não foi presa. 

 


Em menos de um mês após o ocorrido, Lizzie ateou fogo no celeiro e no moinho da fazenda de Paul e tentou fugir com outro homem, mas ela foi capturada e presa. Em sua cela passou a arrancar os próprios cabelos aos berros. O surto foi motivo para Lizzie ser transferida ao Hospital Estadual de Matteawan para Criminosos Insanos. 

 

Um ano depois os médicos do hospital a consideraram curada e deram alta a Lizzie sob a tutela de Paul. Naquele mesmo mês, Paul desapareceu misteriosamente. Lizzie afirmou aos vizinhos que ele estava viajando a negócios.  

 

Porém, ninguém confiava em Lizzie. E após as suspeitas dos vizinhos e dos filhos de Paul, de que algo não estava certo, um mandado de busca e apreensão foi obtido. No dia 04 de setembro de 1893 a polícia foi até a propriedade dos Halliday. 

 

Quando a equipe chegou no local para fazer a varredura, Lizzie estava limpando um carpete completamente sujo de sangue. Ela entrou em desespero e passou a ameaçar os oficiais, dizendo que iria matar todos eles se tentassem entrar em sua casa.  

 


Como eles estavam munidos do mandado de busca e apreensão não se incomodaram com as ameaças e entraram na propriedade. A casa estava aparentemente normal, mas o que eles encontraram no celeiro foi terrível. Sob uma camada de lixo cobertos por feno eles encontraram os corpos de duas mulheres, Margaret e Sarah McQuillan. 


 


Elas moravam em Nova York, mas faziam parte da família que hospedou Lizzie na Filadélfia. Elas estavam com os pés amarrados, com as cabeças encapuzadas e seus corpos apresentavam diversos ferimentos a bala de fogo. 

 

Lizzie foi novamente presa e encaminhada a prisão de Burlingham, mas os filhos de Paul ainda procuravam pelo pai. Um deles decidiu retornar a fazenda com um amigo, para ver se encontrava alguma pista que pudesse ajudar a desvendar o paradeiro de Paul.  

 

Quando eles chegaram no local decidiram procurar dentro da casa, que estava com um cheiro forte de decomposição. Na cozinha, perceberam que alguns tacos do piso de madeira não estavam na ordem correta e começaram a remover todos eles. 

 

Sob as tábuas a terra parecia revirada, então eles buscaram um pé-de-cabra para auxiliar no trabalho e pasmem, eles atingiram alguma coisa lá embaixo. Era o cadáver de Paul em estado avançado de putrefação. Seu corpo contava com diversos ferimentos a bala e uma severa contusão na cabeça que esbugalhou para fora seu olho esquerdo. 

 

Lizzie havia assassinado e enterrado o marido sob as tábuas da própria cozinha. 

 

No dia 08 de setembro de 1893, Lizzie foi transferida para a prisão de Monticello em Nova York. As notícias dos crimes brutais que ela havia cometido já eram manchete em todos os jornais. E o New York Times a considerou "A pior mulher da Terra". 


 


Lizzie foi uma prisioneira performática, frequentemente tendo surtos psicóticos considerados ensaiados por ela, para tentar uma absolvição por insanidade. Durante seus primeiros meses de prisão ela se recusou a comer, atacou a esposa do xerife, ateou fogo em sua própria cama, tentou se enforcar e cortou a própria garganta com um vidro quebrado. 

 

Ela sobreviveu e seus carcereiros foram forçados a acorrentá-la ao chão durante seus meses. 

 

Enquanto esteve presa, Lizzie recebeu atenção nacional, com suas histórias frequentemente aparecendo em jornais importantes do país. O New York Times retratou o caso de Lizzie como "sem precedentes e quase sem paralelo nos anais do crime".  

 

Lizzie também deu entrevistas em que revelou seus casamentos anteriores, confessando crimes nunca antes investigados. O xerife do condado de Sullivan iniciou uma nova rodada de especulações quando disse à imprensa que Lizzie provavelmente estava ligada aos assassinatos de Jack, o Estripador, embora não existisse qualquer conexão entre Lizzie, Jack e tais crimes. 

 

Mas a revelação de que Lizzie havia se casado cinco vezes antes de se casar com Paul Halliday, e que, dois de seus maridos morreram em menos de um ano após o casamento, além da informação sobre a tentativa de envenenar um terceiro marido, levou a imprensa a especular que Lizzie era responsável por pelo menos seis mortes.  

 

No dia 21 de junho de 1894, Lizzie foi condenada no Tribunal do Condado de Sullivan, pelo assassinato de Margaret McQuillan e Sarah Jane McQuillan. O júri demorou apenas algumas horas para chegar à conclusão de que Lizzie não era louca e a considerou culpada de assassinato em primeiro grau. 

 


Seu veredito final foi morte por execução na cadeira elétrica. Fora a primeira vez em que uma mulher recebeu essa sentença nos Estados Unidos. 

 

Posteriormente, o governador Roswell P. Flower comutou sua sentença para prisão perpétua em uma instituição mental depois que uma comissão médica a declarar insana.  

 

Lizzie foi então enviada para o Hospital Estadual de Matteawan para Criminosos Insanos, onde passou o resto de sua vida. Ela se tornou uma paciente modelo e conquistou privilégio de costurar. Assim, passou a ter acesso a agulhas, linhas e tesouras.  

 

Nesses anos de internação, Lizzie se aproximou de Nellie Wicks, uma das melhores assistentes do hospital, que fora promovida a supervisora da ala feminina aos 24 anos de idade. 

 

Nellie sonhava em ser enfermeira, e no outono de 1906 contou a Lizzie que sairia no hospital para cursar enfermagem. Lizzie implorou para Nellie não a abandonar, mas ela não abriria mão de seu maior sonho. Lizzie passou a resmungar que mataria Nellie, mas, nesse tempo em que esteve na instituição Lizzie se tornou completamente pacífica e ninguém acreditou nas ameaças. 

 

Naquele mesmo ano, em uma manhã próxima ao dia em que Nellie deixaria o hospital, Lizzie a matou no banheiro feminino com 200 apunhaladas de tesoura. Os demais assistentes ouviram os gritos, mas quando conseguiram arrombar a porta já era tarde demais. 

 

Quando o legista perguntou a Lizzie o por que havia feito aquilo, ela respondeu: "ela tentou me deixar". 

 

Depois do ocorrido Lizzie permaneceu no hospital e perdeu todos os seus privilégios. Ela morreu aos 58 anos, no dia 28 de junho de 1918, acometida pela doença de Bright (uma inflamação progressiva nos rins), depois de passar quase metade de sua vida no Hospital. 

 

Nenhum de seus familiares reivindicaram o seu corpo, então ela foi enterrada no cemitério da instituição, onde as sepulturas eram marcadas apenas por números. 



Fonte de pesquisa: 

Resenha do Livro "Lady Killers - Assassinas em Série 

Ficha Técnica do livro

  • Título: Lady Killers - Assassinas em Série
  • Autora: Tori Telfer
  • Editora: DarkSide Books
  • Ano de Publicação: 2019
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