Kate Bender - A bela degoladora

     Resenha com conteúdo violento e não indicado para pessoas sensíveis. Indicado para maiores de 18 anos.

É claro que toda a família Bender era integrada por assassinos malévolos, insanos e misteriosos, mas essa é uma história sobre a Kate. 


   Não se sabe ao certo quando e onde Kate nasceu, só o que sabemos é que Kate Bender era de origem alemã, tinha vinte e poucos anos e era uma mulher extremamente bonita, simpática, inteligente, sedutora e bastante corajosa. 


  Ela e sua família migraram para os Estados Unidos no fim de 1870 e se estabeleceram no Kansas, mais precisamente, em uma pequena fazenda, onze quilômetros a nordeste de uma cidade chamada Cherryvale. A pequena fazenda ficava às margens de uma estrada que ligava as cidades de Fort Scott e Independence, e essa era considerada uma localização privilegiada. 



 Assim que se mudaram para a fazenda, aproveitaram a apropriada localização para empreender em seu próprio negócio familiar: uma mercearia e hospedaria. Como era uma estrada bastante movimentada eles passaram a vender tabaco, biscoitos, sardinhas, doces, pólvora, balas e comida caseira para os viajantes, que ainda poderiam desfrutar de uma boa noite de sono, tranquila e segura. Ao menos era o que pensavam. 


  O Kansas havia se tornado um Estado há apenas nove anos e o local era repleto de viajantes que buscavam por novas terras para comprar; conquistar ou herdar. A fazenda Bender era cercada por poucos vizinhos, que os consideravam de certo modo, gentis. Nem todos os Bender eram vistos dessa forma, mas, abrir uma hospedaria em uma terra desolada, recheada de estranhos violentos que buscavam por terras, era sem dúvidas um ato de caridade. 


  A "hospedagem" Bender não conseguiria mais do que uma estrela, já que se tratava de uma minúscula cabana dividida ao meio por uma cortina de lona. A cortina se encarregava em delimitar os míseros dois cômodos da cabana, e o viajante que decidisse pernoitar ali, precisaria se espremer junto aos Bender. 


  Nos fundos da cabana havia um pomar, um pequeno jardim, um curral com poucos animais extremamente magros e mais nada. Era praticamente um terreno vazio. Havia também um alçapão escondido no quarto da família que levava a um porão, mas certamente se tratava apenas de um porão comum. 


  Os negócios da família Bender iam de vento em polpa. Isso se deu graças a Kate, que além de ser uma moça cortês, solícita e muito comunicativa, estava sempre aposta para oferecer aos viajantes os serviços de sua família. 


  Como Kate era extremamente sedutora e envolvia os viajantes, fazendo com que se sentissem especiais, a família acabou prosperando e a Hospedagem Bender ficou rapidamente conhecida aos arredores de Cherryvale. 


  Na cidade, a boa fama de Kate não era diferente, já que ela sempre aparecia nos encontros sociais, frequentava a escola dominical e trabalhava como garçonete no restaurante do Hotel de Cherryvale, onde recebia boas gorjetas. 



  Em 1872 muitos viajantes que passavam por aquela região ficavam ansiosos por uma refeição quente e uma boa noite de sono. Kate era uma anfitriã maravilhosa. Além de vender mantimentos e oferecer abrigo durante a noite, ainda os colocava para se sentar em um "lugar especial" à mesa, para que pudessem desfrutar o jantar. 


  O melhor lugar para que os viajantes se sentassem era o acento que ficava na frente da cortina de lona, ali eles tinham uma visão privilegiada de Kate trabalhando. 


  Haviam muitas notícias de homens desaparecendo misteriosamente, mas eram tempos estranhos, violentos e quase todos os desaparecidos eram viajantes que ninguém conhecia, então as pessoas de Cherryvile não davam muita importância. Até porquê, não era fácil dizer ao certo onde e quando esses homens acabavam por desaparecer. 


  Certa vez, Jack Reed avistou Kate e se aproximou para cumprimentá-la, Kate o atraiu para dentro de casa, ele se sentou no lugar de "honra" à mesa de jantar, aquele, em frente a cortina de lona. Enquanto eles conversavam escutou um ruído estranho, como uma tosse profunda vindo da varanda da casa. Pouco tempo depois, dois novos viajantes entraram pela porta. O jantar fluiu sem mais incidentes. 

 

  Os novos viajantes não ficaram para pernoitar e antes que fossem embora, Jack pediu para que avisassem sua família que ele passaria a noite na Hospedaria Bender e que estaria em casa no dia seguinte. Kate imediatamente pareceu furiosa, e tentou convencê-lo de não enviar a mensagem, mas Jack não entendeu tal reação e prosseguiu com o pedido. Logo depois ele dormiu. 


  No meio da noite Jack pôde ouvir um grito aterrorizante, seguido por outros ruídos estranhamente violentos. Abriu seus olhos calmamente e notou Kate em pé ao lado de sua cama o observando dormir, ela estava ali afim de certificar de que os gritos não o acordassem. Ele rapidamente fechou os olhos para que ela não pudesse notar que ele não só ouviu como ficou espantado. 


  Os sussurros acompanhados de gemidos seguiram noite a dentro, vinham do porão dos Bender, mas na manhã seguinte Kate o assegurou que se tratava apenas de um porco escandaloso que foi para embaixo da casa. 


  Haviam outros relatos de viajantes que sobreviveram a família Bender, mas que passaram por situações aterrorizantes que o fizeram fugir no meio da noite, mas muitos desses viajantes não pensaram muito no assunto, pois não tinham nenhum tipo de ligação com a cidade. Foram experiências estranhas, apenas. 


  O que eles não faziam ideia é que tempos depois o relato de uma noite passada ao lado de Kate Bender era uma noite passada ao lado da morte. E sobreviver a ela para contar história depois, era como nascer de novo. 


 Kate era a isca da família, ela flertava e assegurava que os viajantes não estivessem prestando atenção ao que quer que estivesse atrás das cortinas. A mãe de Kate ficava do lado de fora da casa vigiando se nenhum outro viajante se aproximava da propriedade. Se acontecesse fazia um tipo de ruído estranho (o mesmo que Jack escutara) para comunicar a chegada de mais pessoas.  


  

  Se ninguém estivesse a caminho, o pai e o irmão de Kate acertavam a cabeça do viajante com um martelo, esmagando seu crânio e Kate saltava rapidamente para cortar a garganta do convidado de honra. Eles terminavam o serviço no porão e no meio da noite os Bander arrastavam os corpos para o pomar e o enterravam em uma cova rasa. 


  Eles matavam apenas viajantes que quase sempre estavam sozinhos, dessa forma ninguém de Cherryvile suspeitaria, já que se tratavam de andarilhos desconhecidos. 


  Os Bender roubavam tudo o que podiam dos viajantes. Como eram homens que buscavam por terras, muitos deles andavam com uma quantia considerável de dinheiro para que pudessem comprar as terras que procuravam. Além disso, eles eram enterrados quase sempre sem suas vestes, pois mais tarde, os Bender as venderiam para obter mais lucro com o verdadeiro negócio da família. 


  Os Bender poderiam ter continuado sua matança por anos se não tivessem matado a pessoa errada. O maior erro foi o assassinato de um homem chamado G.W Longcohr e sua filinha, ele havia comprado uma charrete e um lote de cavalos com um homem chamado Dr. William York, e lhe explicou que estava levando a sua filha para morar com os avós no Iowa e que faria uma parada na cidade de Cherryvile. 


  G.W avistou a Hospedagem Bender e teve a sua última noite de vida. Nunca conseguiu levar a filinha para os avós e ela também acabou sendo morta pelos Bender. 


  William era um homem influente, com um coração piedoso e irmão de outros dois homens poderosos: Alexandre M. York, senador do estado de Kansas e do Coronel Ed York, um veterano da Guerra Civil. E em 1873, quando soube do desaparecimento do simpático pai e viúvo que gostaria de levar sua filha para morar um tempo com os avós, logo depois de comprar a sua charrete, decidiu investigar.

 

  Por volta do dia 9 de março daquele mesmo ano, William foi para Cherryvile e desapareceu. 


  Ao contrário das outras vítimas dos Bender, o desaparecimento do Dr. York foi notado imediatamente. E em pouco tempo a notícia se espalhou pelo país inteiro, afinal, o irmão de um senador estava desaparecido e dessa vez eles sabiam exatamente  o local em que ele havia passado a sua última noite. Na cidade de Cherryvile. 


  A população local rapidamente se mobilizou afim de encontrar os responsáveis pelo desaparecimento de William, a cidade inteira estava sendo má vista por todo o país e precisavam recuperar a imagem de cidade pacata e hospitaleira. 


  Os Bender souberam da caçada que os irmãos de William começaram na cidade. E deram um jeito de fugir. Eles reuniram todo o dinheiro que tinham, carregaram a sua carroça e desapareceram como fantasmas. 


  Algumas semanas depois, vários vizinhos ouviram um bezerro na propriedade dos Bender chorando desesperadamente de fome e decidiram resgatar o animal.


  Alguns homens adentraram a propriedade e perceberam que a casa estava em completa desordem: sujeira por todo lado, pratos e restos de comida espalhados por toda a cabana e um mau cheiro terrível vindo do porão. Os Bender claramente haviam fugido da cidade. 


  A notícia da repentina fuga dos Bender chamou a atenção dos irmãos de William que prontamente foram até a propriedade. O coronel York ordenou que fizessem uma varredura no local e poucas horas depois, analisando a propriedade ele avistou no pomar uma série de depressões longas e estreitas no terreno e gritou: Rapazes, estou vendo túmulos ali. 


  Os homens correram para o pomar e começaram a cavar. O primeiro corpo que encontraram estava enterrado de bruços, sua cabeça estava esmagada e garganta cortada. Era William. 

Eles também encontraram G.W e sua filha enterrada junto de seu corpo, não conseguiram identificar a causa da morte da criança, ela foi estrangulada ou enterrada vida.  

 

  Haviam mais 35 corpos de desconhecidos, quase todos com as suas cabeças esmagadas e gargantas cortadas. 

 

  Os Bender nunca foram encontrados e as histórias sobre justiceiros afirmando terem matado a família acabaram se tornando lendas. Os Bender conseguiram fugir com aproximadamente 50 mil dólares e 16 anos depois dos corpos serem encontrados uma mulher foi presa acusada de ser a Kate, mas como não haviam provas contundentes que pudessem comprovar que aquela era a Bela Degoladora ela foi solta e ninguém mais foi acusado. 

 

Eles foram a primeira família serial killer dos Estados Unidos e suas histórias horripilantes são contadas até hoje como contos de terror. 

 

Kate se tornou um mito e foi para sempre considerada a Bela Degoladora. 



* As imagens utilizadas por esse artigo foram retiradas do Google e fotografadas do livro Lady Killers


Fonte principal de pesquisa: 

Livro "Lady Killers - Assassinas em Série 

Ficha Técnica do livro

  • Título: Lady Killers - Assassinas em Série
  • Autora: Tori Telfer
  • Editora: DarkSide Books
  • Ano de Publicação: 2019
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Por Thainá Bavaresco.

Comentários

  1. Essas histórias reais e que acabam com a galera sem ser encontrada é MUITO foda né...sempre fico tipo "o que será que eles fizeram depois?".

    E quando eu for num hotel no meio do nada vou deixar claro pra atendente que minha família sabe onde eu estou, foi isso que salvou o Jack 😅

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    Respostas
    1. HAHAHAHAHAHAHHAHAH morta!!!! Sempre bom deixar claro que tá todo mundo sabendo que estamos no fim do mundo!!!

      E simmmm, várias pessoas disseram que mataram a família, mas nunca encontraram provas, e eles acabaram se tornaram lendas, de fato...

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  2. Essas histórias reais e que acabam com a galera sem ser encontrada é MUITO foda né...sempre fico tipo "o que será que eles fizeram depois?".

    E quando eu for num hotel no meio do nada vou deixar claro pra atendente que minha família sabe onde eu estou, foi isso que salvou o Jack 😅

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